domingo, 1 de maio de 2011
Sucker Punch- mundo surreal
Há momentos em que as linguagens do cinema, dos quadrinhos, dos videogames e dos videoclipes se misturam e se confundem de forma praticamente indissolúvel. O diretor Zack Snyder é responsável por pelo menos dois destes momentos: seus filmes Watchmen, 300 e, agora, Sucker Punch – Mundo Surreal.
Mergulhado num mar de imagens geradas digitalmente, Snyder conta a trágica história de Baby Doll (Emily Browning, de Desventuras em Série), uma garota que acidentalmente mata a própria irmã ao tentar defendê-la do padrasto estuprador, logo após a morte de sua mãe. Uau! Desgraça pouca é bobagem, O padrasto convence a polícia que a menina enlouqueceu, e a interna num hospício. É ali que Baby cria para si mesma uma espécie de realidade paralela que a ajudará a enfrentar as inúmeras atrocidades cometidas por Blue (Oscar Isaac), o corrupto diretor do estranho lugar. A cruel trama também é de autoria de Snyder.
O uso excessivo de cenários virtuais e imagens digitais costuma dividir a plateia. De um modo geral, os mais jovens ficam fascinados com a profusão de cores, luzes, criaturas, monstros e movimentos inimagináveis de lutas intermináveis. Por outro lado, os menos jovens tendem a não embarcar no estilo. Sucker Punch não foge à regra: é grande a probabilidade do filme ser cultuado pelos geeks, nerds ou simplesmente “jovens em geral”, e ser repudiado por cinéfilos mais puristas ou simplesmente conservadores.
Mesmo porque, não bastasse o universo paralelo que a protagonista cria em sua mente para fugir dos horrores do hospício, esta mesma realidade virtual ainda se desdobra numa outra dimensão dentro da própria história criada por Baby, algo como uma meta-meta linguagem. Nada que não dê para compreender para quem já viu A Origem, mas talvez uma viagem a mais que os menos permeáveis podem considerar excessiva.
Aliás, “excessivo” é a palavra que dá o tom do filme. Tudo é grandioloquente, do sofrimento de Baby às batalhas de estética medieval. Sucker Punch enche os olhos e aguça os sentidos. Mas provoca uma overdose de sons e imagens que não encontrará, necessariamente, ecos de conteúdo ao final da projeção.
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